O uso constante de descongestionantes nasais pode causar graves problemas à saúde, como taquicardia, elevação da pressão arterial, dependência e a chamada rinite medicamentosa. O risco pode ser ainda maior para hipertensos, cardíacos e crianças.
De acordo com o Centro de Assistência Toxicológica (Ceatox) do Hospital das Clínicas da cidade de São Paulo, os descongestionantes ocupam o terceiro lugar na lista de problemas causados por efeitos colaterais e uso incorreto de remédios. Só perdem para os antiinflamatórios e os analgésicos. “Esses medicamentos causam dependência psicológica”, alerta o coordenador do Ceatox, Antony Wong.
Mesmo com todas essas restrições, há mais de 50 marcas de descongestionantes com venda praticamente livre. A dependência acontece por conta de substâncias como nafazolina, fenoxazolina e oximetazolina, presentes na composição desses medicamentos. Como as substâncias contraem os vasos sangüíneos, desobstruem as narinas. Por essa propriedade, as gotas devem ser evitadas por cardíacos e hipertensos. Horas depois, o remédio provoca sensação contrária, dilatando as narinas. É o efeito rebote.
Segundo José Victor Maniglia, da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia, o círculo vicioso leva à rinite medicamentosa. “Quanto mais se usa, menor é o tempo de ação da droga”, diz. Nem sempre a rinite medicamentosa tem tratamento. “Dependendo do grau, o paciente pode perder o olfato”, diz a especialista em alergia Ângela Fomin, do Instituto da Criança. Em alguns casos, a saída é a cirurgia.
O supervisor de vendas Régis Córdova da Silva, de 25 anos, usou por dez anos os descongestionantes na esperança de controlar uma rinite alérgica. “Tive de fazer uma cirurgia para desobstruir as narinas para resolver meu problema”, conta. “Só agora, consegui me livrar das crises”.
Soro fisiológico é melhor alternativa
Não são só as substâncias responsáveis pelo princípio ativo dos descongestionantes nasais que provocam problemas com o uso excessivo. O cloreto de benzalcônio, conservante utilizado nas gotas, também contribui para o círculo vicioso de obstrução das narinas. A substância faz parte da formulação da maior parte dos descongestionantes, incluindo os tidos como inofensivos e usados com freqüência em crianças.
Ângela Fomin, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo, diz que a melhor forma de evitar o uso desnecessário desses remédios e, conseqüentemente, o nariz entupido, é substituí-los pelo soro fisiológico. “O soro deve ser guardado em geladeira para evitar a contaminação, que piora a rinite”, diz.
Fonte: Revista Quem